Livro/e-Book: "Pela Fresta Te Vi" de Cesar de Mello Campos
Leia a sinopse longa e alguns trechos impactantes do conto Não
Sinopse
No livro Pela fresta te vi, Cesar de Mello Campos constrói um mosaico literário que transita entre a crueza existencial e a ternura sutil, costurado por narradores densos, em relatos que espelham a condição humana em camadas superpostas de tempo e subjetividade.
A obra, dividida em duas partes, apresenta contos curtos que mais se assemelham a movimentos confessionais, registros de memória e introspecções profundas do eu. Cada texto opera como uma fresta aberta para o universo interno dos personagens – frágeis, contraditórios, complexos –, que se revelam ao leitor sem filtros nem adornos.
Com linguagem refinada e ritmo envolvente, o autor explora temas como identidade, afeto, poder, ausência, masculinidade e autoimagem, provocando desconforto e empatia na mesma medida.
O conto inaugural, “Não”, impressiona pela construção de um narrador narcisista, autossuficiente, mas humanamente fraturado, enquanto “Primeiros” oferece um olhar delicado e visceral do mundo visto por uma criança.
Essa alternância de vozes e experiências expande a potência narrativa da obra e convida o leitor a um exercício de escuta e percepção mais atento, como quem, de fato, espreita pela fresta algo que não ousaria olhar de frente.
Ao mesmo tempo introspectivo e crítico, o livro ultrapassa os limites do conto tradicional ao se aproximar da crônica poética e da autoficção filosófica.
A densidade psicológica das personagens, combinada à sutileza das imagens e à precisão da linguagem, revela um escritor maduro, sensível ao detalhe e à complexidade do ser.
Pela fresta te vi não entrega respostas – ao contrário, impõe perguntas incômodas sobre o que vemos e o que somos quando ninguém está olhando. É leitura para quem aceita ser atravessado por sombras e silêncios.
Trechos impactantes do conto Não, do livro Pela Fresta Te Vi
Uma bomba, um estrondo, um traque, um espasmo. Foi assim que nasci. Desse estrondo diminuendo fui parar numa família que eu não conhecia, rigorosa, e que, querendo eu ou não, me formou.
(...)
De mim pouco tinha de inato, mas esse pouco era barulhento e forte e me determinou, me disse quem eu era e para onde eu deveria ir, para onde eu deveria querer ir. Meu pai era inteligente, mas como ele era eu sou mais, sou melhor que ele. Se quisesse algo, quando ainda era bem novo, levava um sonoro “não”, mas não me importava, eu nunca me assombrava. Eu estirava as cordas até onde conseguisse, ainda que depois mal lembrassem de mim. A lembrança se desfaz com o tempo. Acreditava e acredito na transitoriedade da raiva, da indignação, da revolta. Acredito na efemeridade da febre que agita a vingança. Não persistirão para mim más energias.
(...)
Quando olho para outras pessoas, sempre abaixo de mim, debaixo da poeira da minha sola, não é o desejo por aquelas pessoas que me move ou me instiga. Não desejo ninguém, desejo apenas o que as pessoas possam trazer para mim. Eu desejo os tons que não tenho, eu desejo o que minha família não me traz. Eu desejo ter o que é dos outros, mas só o que me interessa. Ignorantes diriam que é inveja, mas não é. Não sinto inveja.
Pela Fresta Te Vi - Relatos em Dois Tempos de Cesar de Mello Campos
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Para versão impressa, envie um e-mail solicitando seu exemplar: cesardemellocampos@hotmail.com
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