Pela fresta te vi — quando a literatura descreve o silêncio do humano
Entre o adulto que se justifica e a criança que observa, Cesar de Mello Campos escreve um espelho em duas vozes: uma ficção que se lê como confissão e se sente como cicatriz.
Ver e ser visto não são atos neutros: revelam o poder, a fragilidade e o silêncio profundamente psíquico de quem observa; e de quem é observado. Entre o adulto que se defende e a criança que ainda não sabe nomear o mundo, Cesar de Mello Campos constrói uma narrativa que reflete o tempo: o que ele apaga e o que insiste em permanecer.
Há livros que vão muito além do comum: abordam verdades nuas e cruas; não denunciam nem absolvem, apenas revelam.
Pela fresta te vi, de Cesar de Mello Campos, é desses. A cada página, o autor abre um vão entre o mundo e a consciência, entre o que se diz e o que se cala, e não poupa palavras nesse processo.
O resultado é uma narrativa em dois tempos, mas de um mesmo ser que tenta se reconhecer: o homem que fala de si com lucidez brutal e a criança que ainda não entende o peso do que vê.
A primeira voz (quase um monólogo interior) exibe um personagem que acredita dominar a razão, a moral, a família e o próprio destino. Ele se diz reto, fiel, firme. Mas o leitor, pela fresta, enxerga o avesso: o medo travestido de orgulho, o controle disfarçado de virtude, a fé que serve apenas de espelho para o ego.
A segunda voz é outra: a da essência, da inocência da infância que descreve o mundo com uma ternura confusa, tentando entender o amor, o silêncio dos pais, o lugar que ocupa no olhar de quem o criou. São páginas de pureza e desamparo, em que o autor toca o coração do leitor sem precisar de sentimentalismo.
Entre uma parte e outra, há um fio invisível: a passagem do tempo como uma ferida que nunca cicatriza, apenas muda de forma. O adulto que narra poderia ter sido aquela criança; a criança, o esboço de quem um dia será esse homem. Não há resposta definitiva; apenas o reflexo de um olhar que tenta se entender antes que a vida se apague.
Uma literatura que revela sem acusar
Cesar de Mello Campos escreve com precisão cirúrgica, uma gramática impecável, mas sem frieza. Cada frase tem o peso de quem conhece o abismo humano e, mesmo assim, escolhe descrevê-lo com ternura, poesia e nuances filosóficas – no entanto, suas palavras são carregadas de humanidade. Ele não julga os personagens: os observa.
E talvez essa seja a força do livro: a recusa do maniqueísmo; o convite à empatia abrangente, que se deixa sussurrar em cada conto. .
Você conhece alguém que, em nome da retidão, esqueceu a delicadeza?
Alguém que, ao querer ensinar virtudes, acabou ferindo sem perceber?
O livro não aponta o dedo: apenas abre uma fresta para que a luz entre.
O leitor percebe, aos poucos, que há beleza também naquilo que dói, e que reconhecer a própria sombra é uma forma de salvação.
O tempo como espelho
Nas duas partes de Pela fresta te vi, o tempo não é linear.
Ele se dobra sobre si mesmo, ao mesmo tempo que desdobra, entra e sai de um labirinto, como se o passado e o presente se observassem em silêncio.
A criança descreve o mundo como quem o inventa; o adulto o narra como quem tenta reescrevê-lo.
Entre ambos, o autor revela a mais filosófica das perguntas: o que resta de nós quando o tempo passa; e quando tudo o que fomos ainda respira dentro do que somos?
Essa indagação atravessa o texto com sutileza, sem discursos nem teorias. O livro fala de memória, culpa, desejo e esquecimento, mas com uma linguagem poética, de cadência lenta, que convida o leitor a contemplar.
Cesar escreve o invisível: o intervalo entre o pensamento e o gesto, entre a fala e o silêncio.
É ali, nesse espaço pequeno e essencial — nessa fresta — que nasce a literatura.
Pela fresta te vi não procura comover, mostra o abismo.
Ele observa o humano na contradição; e ali encontra a sua força.
Nenhum gesto é puro, nenhuma voz é inocente.
É dessa imperfeição que o livro extrai a sua beleza.
O humano é observado como um fenômeno, não um mero evento.
Cesar de Mello Campos escreve a partir da distância justa: aquela que permite ver, sem precisar julgar.
Em tempos de pressa e ruído, Pela fresta te vi é um livro que devolve ao leitor o direito de escutar e interpretar as entrelinhas, os gestos, os silêncios... Aquele instante curioso em que a lucidez se mistura à ternura.
Uma obra que se inscreve na tradição da literatura brasileira contemporânea de introspecção, ao lado de nomes que exploram a interioridade sem medo do desconforto.
Ler Pela fresta te vi, de Cesar de Mello Campos, é observar o ser humano em sua complexidade: sem condenar, sem redimir, apenas ver (ou apenas assimilar pessoas com quem "esbarramos" por aí).
Pela fresta.
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São histórias que caminham entre fé, culpa e desejo: ecos de uma literatura brasileira contemporânea que não oferece atalhos, mas provoca e permanece.
Em Pela fresta te vi, cada conto traz a tensão dos contos psicológicos — heranças familiares, afetos imprevistos, dilemas sem resposta. É ficção literária que se inscreve no detalhe, no gesto mínimo capaz de transformar destinos.
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