segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Os Roteiros nas Histórias em Quadrinhos

 

O que é História em Quadrinhos?

Por: Júlio de Andrade Filho






História em quadrinhos - ou HQ - é o nome dado à arte de narrar histórias através de desenhos e textos em sequência. Essas histórias possuem os fundamentos básicos das narrativas: enredo, personagens, tempo, lugar e desfecho. No geral, apresentam linguagem verbal e não-verbal, ou seja, podem contar a história com ou sem texto.

No caso das narrativas com texto, são usados balões com textos escritos. O formato desses balões também transmite intenções distintas.


Assim, balões com linhas contínuas sugerem uma fala em tom normal; os balões com linhas tracejadas indicam que a personagem está sussurrando; os balões em forma de nuvens ilustram os pensamentos; já os balões com traços pontiagudos exibem gritos.






Outro recurso são as onomatopeias, palavras que tentam reproduzir os sons. Exemplo: “cabrum”, como o som de trovão; “tic-tac”, como o som dos ponteiros do relógio, “bang” o som de tiros, entre outros.


Origem das Histórias em Quadrinhos

A primeira história em quadrinhos com as características que conhecemos hoje foi publicada nos EUA em 1894 em uma revista chamada Truth. A autoria é do americano Richard Outcault. Meses mais tarde, o jornal New York World começou a publicá-la oficialmente.

Essa HQ se intitulou “The Yellow Kid” e narrava as peripécias de uma criança que vivia nos guetos de Nova Iorque, sempre vestida com uma grande camisola amarela.

 




História em Quadrinhos no Brasil

No Brasil, a primeira revista em quadrinhos chamou-se O Tico-Tico e foi publicada em 1905 pelo periódico O Malho.

A revista Gibi, que influenciou em seu formato de coletânea (trazendo diferentes personagens) as revistas em quadrinhos lançadas posteriormente, foi lançada em 1939 pela editora O Globo. Inicialmente, o nome "Gibi" era o termo dado aos “moleques” que vendiam jornais na rua - antes de existirem as bancas. Muitos consideram esse termo racista, porque era também dado aos meninos negros. Inclusive, o personagem que representava a revista era um menino negro. No entanto, com o tempo, a revista se tornou extremamente popular e o nome "Gibi" acabou se tornando sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil.

Que feio demais isso... 

Mas foi apenas em 1960 que o público brasileiro teve um gibi inteiramente colorido, com a publicação de A Turma do Pererê, do cartunista Ziraldo. O gibi trazia personagens inspirados na cultura nacional.

Foi também na década de 1960 que surgiu a história em quadrinhos mais conhecida do Brasil, a Turma da Mônica, criada pelo paulistano Maurício de Souza. A revistinha fez tanto sucesso que hoje é publicada em mais 40 países e traduzida em 14 idiomas.


Sem mais, vamos lá!!! 





A estrutura de uma HQ

1. Vinhetas

Definição: São os quadros que contêm as ilustrações e a ação da história. Elas organizam a sequência dos eventos e ajudam a guiar o leitor pela narrativa.

2. Balões de Diálogo

Função: Representam as falas dos personagens, conectando-os diretamente ao leitor. Eles podem variar em forma e tamanho, refletindo emoções ou ênfases diferentes nas falas.

3. Onomatopeias

Uso: Palavras que imitam sons (como "bang", "splash") e são integradas visualmente às ilustrações, contribuindo para a dinâmica da narrativa.

4. Elipse ou Sarjeta

Conceito: O espaço entre as vinhetas que sugere a passagem do tempo ou eventos não mostrados diretamente, permitindo que o leitor complete a história mentalmente.

5. Cenários

Importância: Os ambientes onde as ações ocorrem são cruciais para contextualizar a história e criar a atmosfera desejada.

6. Personagens

Descrição: Os protagonistas e coadjuvantes que conduzem a narrativa. A construção visual e psicológica dos personagens é fundamental para engajar o leitor.

7. Narrativa

Estrutura: A sequência de eventos que compõem a história, geralmente organizada em três atos (introdução, desenvolvimento e conclusão).

8. Ângulo e Plano

Técnicas Visuais: O ângulo de visão (como uma câmera) e o plano (recorte da cena) influenciam como os eventos são percebidos pelo leitor, adicionando profundidade à narrativa.

9. Movimento

Representação: Elementos visuais que sugerem ação ou dinâmica, como linhas de movimento ou poses expressivas dos personagens.

10. Tempo

Indicações Temporais: Elementos visuais ou textuais que ajudam a situar os eventos no tempo, como mudanças de estação ou referências a datas específicas.

 



 

Para montar um roteiro de histórias em quadrinhos (HQs) de forma eficaz, você pode seguir os seguintes passos:

1. Defina a Ideia Central

Comece com uma ideia clara que guiará toda a sua história. Pense no tema, nos personagens principais e no conflito central.

2. Escreva uma Sinopse

Crie uma sinopse de três a cinco linhas que resuma a essência da sua história. Isso ajudará a manter o foco durante o desenvolvimento do roteiro.

3. Desenvolva um Resumo

Elabore um resumo mais detalhado, com cerca de uma página, que descreva os principais eventos da trama, incluindo o início, meio e fim.

4. Crie uma Linha do Tempo (Storyline)

Organize os eventos principais em uma linha do tempo. Isso facilitará a visualização da sequência dos acontecimentos e ajudará na estruturação do roteiro.

5. Estruture o Roteiro

Escolha um formato para o seu roteiro. O formato padrão inclui:

  • Título
  • Número da página
  • Descrição das cenas e diálogos organizados por quadros.

6. Detalhe Cada Quadro

Para cada página, descreva cada quadro com detalhes sobre a ação, o cenário e as falas dos personagens. Seja claro e conciso para facilitar o trabalho do desenhista. Ou RAFE (em português para a palavra "rough" em inglês). 

Nas histórias em quadrinhos (HQs), o termo "rough" refere-se a um esboço ou rascunho de um quadrinho. É uma etapa preliminar do processo de criação em que o artista define a composição geral, a disposição dos personagens, e a narrativa visual de forma solta e sem muitos detalhes. O objetivo do "rough" é planejar a estrutura da HQ antes de finalizar o desenho com mais detalhes e precisão.

O "rough" é essencial para garantir que a história flua bem e que todos os elementos visuais estejam posicionados de maneira eficaz. É uma técnica comum entre ilustradores e cartunistas para organizar suas ideias e ajustar possíveis problemas de composição antes de finalizar o trabalho.

Se o roteirista prefere desenhar do que descrever a ação, cenário, falas de cada quadrinho, então fazer um RAFE pode facilitar o trabalho.

7. Revise e Ajuste

Após escrever o primeiro rascunho, revise seu roteiro. Verifique se a narrativa flui bem e se os diálogos são naturais.

8. Colaboração com o Artista

Se você não for desenhar, colabore com um artista. Discuta como suas ideias podem ser traduzidas visualmente e esteja aberto a ajustes que possam surgir durante o processo.

9. Finalize o Roteiro

Após as revisões e colaborações, finalize seu roteiro garantindo que todos os detalhes estão claros e que a história está coesa.

10. Pratique Regularmente

Continue praticando a escrita de roteiros. Estude roteiros de HQs famosas para entender diferentes estilos e técnicas narrativas.

 

 




Narrativa Visual

O ângulo também determina o que é visível no quadro e o que fica fora dele (extraquadro), permitindo que o artista sugira elementos da história sem mostrá-los diretamente. Isso pode aumentar a curiosidade do leitor e enriquecer a narrativa.

O ângulo da câmera em histórias em quadrinhos (HQs) desempenha um papel crucial na narrativa, influenciando a percepção do leitor sobre os personagens, a ação e o ambiente. Aqui estão algumas maneiras pelas quais diferentes ângulos impactam a narrativa:

1. Perspectiva e Emoção

Ângulos Baixos: Utilizar um ângulo baixo (contra-plongée) pode fazer um personagem parecer mais poderoso ou dominante, transmitindo uma sensação de grandiosidade. Isso é eficaz para criar uma conexão emocional forte com o protagonista, fazendo o leitor sentir admiração ou respeito.

Ângulos Altos: Efeito de Vulnerabilidade, um ângulo alto (plongée) pode fazer o personagem parecer menor ou vulnerável, evocando empatia ou compaixão. Essa técnica é frequentemente usada em momentos de fraqueza ou derrota.

Ângulo Normal

Perspectiva Neutra: O ângulo ao nível dos olhos oferece uma visão natural e direta, permitindo que o leitor se conecte emocionalmente com os personagens sem manipulação dramática. Esse tipo de enquadramento cria uma sensação de igualdade entre o espectador e o sujeito, favorecendo a empatia.

Ângulos Inclinados

Criação de Tensão: Ângulos inclinados podem transmitir desorientação ou instabilidade emocional. Essa técnica é frequentemente utilizada em momentos de conflito ou loucura, ajudando a intensificar a experiência emocional do leitor ao sugerir que algo não está certo na narrativa.

2. Dinâmica da Ação

Movimento e Ação: A escolha do ângulo pode intensificar a sensação de movimento. Por exemplo, ângulos inclinados (Dutch angles) podem transmitir tensão ou desorientação durante uma cena de ação, enquanto ângulos normais proporcionam uma visão mais clara e objetiva dos eventos.

Sequência de Ações: O uso de diferentes ângulos em sequência pode criar um ritmo dinâmico na narrativa, ajudando a guiar o leitor através das cenas de maneira envolvente. Isso é especialmente importante em sequências de luta ou perseguições.

3. Composição Visual

Enquadramento e Composição: A maneira como os personagens são enquadrados em relação ao fundo e ao espaço ao redor pode afetar a interpretação da cena. Um plano fechado em um personagem pode enfatizar suas emoções, enquanto um plano geral pode situá-lo dentro de um contexto maior, mostrando seu ambiente e as relações com outros personagens.

.4. Interação com o Leitor

Imersão: Ângulos que colocam o leitor "dentro" da ação, como uma visão subjetiva (do ponto de vista de um personagem), podem criar uma experiência mais imersiva. Isso permite que o leitor sinta que está vivenciando os eventos junto com os personagens.

Distanciamento: Em contraste, ângulos que mostram os personagens de longe podem criar uma sensação de distanciamento, fazendo com que o leitor observe a cena como um espectador passivo. Isso pode ser usado para transmitir temas de alienação ou introspecção.

Esses elementos demonstram como a escolha do ângulo da câmera não apenas molda a estética visual das HQs, mas também influencia profundamente a narrativa e as emoções que ela evoca no leitor.

Por: Júlio de Andrade Filho

WhatsApp 11 99403-2617

E-mail: jandradefilho@gmail.com



Olá! Eu Sou Clene Salles, Ghost Writer, Escritora, Copydesk, Tradutora....

Mas... Quem desenvolveu este texto/conteúdo foi Júlio de Andrade Filho, Roteirista de HQs, Tradutor, Jornalista, Escritor e que também Desenvolve Projetos Editoriais Customizados (inclusive com HQs!). Júlio já criou mais de 350 roteiros de HQs, incluindo HQs Disney. O cara manja muito! 

E me conte...

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