O que é História em Quadrinhos?
Por: Júlio de Andrade Filho
História
em quadrinhos - ou HQ - é o nome dado à arte de narrar histórias através de
desenhos e textos em sequência. Essas histórias possuem os fundamentos básicos
das narrativas: enredo, personagens, tempo, lugar e desfecho. No geral,
apresentam linguagem verbal e não-verbal, ou seja, podem contar a história
com ou sem texto.
No
caso das narrativas com texto, são usados balões com textos escritos. O formato
desses balões também transmite intenções distintas.
Assim, balões com linhas contínuas sugerem uma fala
em tom normal; os balões com linhas
tracejadas indicam que a personagem está sussurrando;
os balões em forma de nuvens ilustram
os pensamentos; já os balões com traços
pontiagudos exibem gritos.
Outro
recurso são as onomatopeias,
palavras que tentam reproduzir os sons. Exemplo: “cabrum”, como o som de
trovão; “tic-tac”, como o som dos ponteiros do relógio, “bang” o som de tiros,
entre outros.
Origem das Histórias em Quadrinhos
A
primeira história em quadrinhos com as características que conhecemos hoje foi
publicada nos EUA em 1894 em uma revista chamada Truth. A
autoria é do americano Richard Outcault. Meses mais tarde, o jornal New York World começou
a publicá-la oficialmente.
Essa
HQ se intitulou “The Yellow Kid” e narrava as peripécias de uma
criança que vivia nos guetos de Nova Iorque, sempre vestida com uma grande
camisola amarela.
História em Quadrinhos no Brasil
No
Brasil, a primeira revista em quadrinhos chamou-se O Tico-Tico e
foi publicada em 1905 pelo periódico O
Malho.
A
revista Gibi, que influenciou em seu formato
de coletânea (trazendo diferentes personagens) as revistas em quadrinhos
lançadas posteriormente, foi lançada em 1939 pela editora O Globo.
Inicialmente, o nome "Gibi" era o termo dado aos “moleques” que
vendiam jornais na rua - antes de existirem as bancas. Muitos consideram esse
termo racista, porque era também dado aos meninos negros. Inclusive, o
personagem que representava a revista era um menino negro. No entanto, com o
tempo, a revista se tornou extremamente popular e o nome "Gibi"
acabou se tornando sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil.
Que feio demais isso...
Mas foi apenas em 1960 que o público brasileiro teve um gibi inteiramente colorido, com a publicação de A Turma do Pererê, do cartunista Ziraldo. O gibi trazia personagens inspirados na cultura nacional.
Foi também na década de 1960 que surgiu a história em quadrinhos mais conhecida do Brasil, a Turma da Mônica, criada pelo paulistano Maurício de Souza. A revistinha fez tanto sucesso que hoje é publicada em mais 40 países e traduzida em 14 idiomas.
Sem mais, vamos lá!!!
A estrutura de uma HQ
1. Vinhetas
Definição: São os
quadros que contêm as ilustrações e a ação da história. Elas organizam a
sequência dos eventos e ajudam a guiar o leitor pela narrativa.
2. Balões de
Diálogo
Função:
Representam as falas dos personagens, conectando-os diretamente ao leitor. Eles
podem variar em forma e tamanho, refletindo emoções ou ênfases diferentes nas
falas.
3. Onomatopeias
Uso: Palavras que
imitam sons (como "bang", "splash") e são integradas
visualmente às ilustrações, contribuindo para a dinâmica da narrativa.
4. Elipse ou
Sarjeta
Conceito: O espaço
entre as vinhetas que sugere a passagem do tempo ou eventos não mostrados
diretamente, permitindo que o leitor complete a história mentalmente.
5. Cenários
Importância: Os
ambientes onde as ações ocorrem são cruciais para contextualizar a história e
criar a atmosfera desejada.
6. Personagens
Descrição: Os protagonistas
e coadjuvantes que conduzem a narrativa. A construção visual e psicológica dos
personagens é fundamental para engajar o leitor.
7. Narrativa
Estrutura: A
sequência de eventos que compõem a história, geralmente organizada em três atos
(introdução, desenvolvimento e conclusão).
8. Ângulo e Plano
Técnicas Visuais:
O ângulo de visão (como uma câmera) e o plano (recorte da cena) influenciam
como os eventos são percebidos pelo leitor, adicionando profundidade à
narrativa.
9. Movimento
Representação:
Elementos visuais que sugerem ação ou dinâmica, como linhas de movimento ou
poses expressivas dos personagens.
10. Tempo
Indicações
Temporais: Elementos visuais ou textuais que ajudam a situar os eventos no
tempo, como mudanças de estação ou referências a datas específicas.
Para montar um roteiro de histórias em quadrinhos (HQs) de forma eficaz, você pode seguir os seguintes passos:
1. Defina a
Ideia Central
Comece com uma
ideia clara que guiará toda a sua história. Pense no tema, nos personagens
principais e no conflito central.
2. Escreva uma
Sinopse
Crie uma sinopse
de três a cinco linhas que resuma a essência da sua história. Isso ajudará a
manter o foco durante o desenvolvimento do roteiro.
3. Desenvolva
um Resumo
Elabore um resumo
mais detalhado, com cerca de uma página, que descreva os principais eventos da
trama, incluindo o início, meio e fim.
4. Crie uma
Linha do Tempo (Storyline)
Organize os
eventos principais em uma linha do tempo. Isso facilitará a visualização da
sequência dos acontecimentos e ajudará na estruturação do roteiro.
5. Estruture o
Roteiro
Escolha um formato
para o seu roteiro. O formato padrão inclui:
- Título
- Número da página
- Descrição das cenas e diálogos organizados por quadros.
6. Detalhe Cada Quadro
Para cada página, descreva cada quadro com detalhes sobre a ação, o cenário e as falas dos personagens. Seja claro e conciso para facilitar o trabalho do desenhista. Ou RAFE (em português para a palavra "rough" em inglês).
Nas histórias em quadrinhos (HQs), o termo "rough" refere-se a um esboço ou rascunho de um quadrinho. É uma etapa preliminar do processo de criação em que o artista define a composição geral, a disposição dos personagens, e a narrativa visual de forma solta e sem muitos detalhes. O objetivo do "rough" é planejar a estrutura da HQ antes de finalizar o desenho com mais detalhes e precisão.
O "rough" é essencial para garantir que a história flua bem e que todos os elementos visuais estejam posicionados de maneira eficaz. É uma técnica comum entre ilustradores e cartunistas para organizar suas ideias e ajustar possíveis problemas de composição antes de finalizar o trabalho.
Se o roteirista prefere desenhar do que descrever a ação, cenário, falas de cada quadrinho, então fazer um RAFE pode facilitar o trabalho.
7. Revise e
Ajuste
Após escrever o
primeiro rascunho, revise seu roteiro. Verifique se a narrativa flui bem e se
os diálogos são naturais.
8. Colaboração
com o Artista
Se você não for
desenhar, colabore com um artista. Discuta como suas ideias podem ser
traduzidas visualmente e esteja aberto a ajustes que possam surgir durante o
processo.
9. Finalize o
Roteiro
Após as revisões e
colaborações, finalize seu roteiro garantindo que todos os detalhes estão
claros e que a história está coesa.
10. Pratique
Regularmente
Continue
praticando a escrita de roteiros. Estude roteiros de HQs famosas para entender
diferentes estilos e técnicas narrativas.
Narrativa Visual
O ângulo também
determina o que é visível no quadro e o que fica fora dele (extraquadro),
permitindo que o artista sugira elementos da história sem mostrá-los diretamente.
Isso pode aumentar a curiosidade do leitor e enriquecer a narrativa.
O ângulo da
câmera em histórias em quadrinhos (HQs) desempenha um papel crucial na
narrativa, influenciando a percepção do leitor sobre os personagens, a ação e o
ambiente. Aqui estão algumas maneiras pelas quais diferentes ângulos impactam a
narrativa:
1. Perspectiva e
Emoção
Ângulos Baixos: Utilizar um
ângulo baixo (contra-plongée) pode fazer um personagem parecer mais poderoso ou
dominante, transmitindo uma sensação de grandiosidade. Isso é eficaz para criar
uma conexão emocional forte com o protagonista, fazendo o leitor sentir
admiração ou respeito.
Ângulos Altos: Efeito de
Vulnerabilidade, um ângulo alto (plongée) pode fazer o personagem parecer menor
ou vulnerável, evocando empatia ou compaixão. Essa técnica é frequentemente
usada em momentos de fraqueza ou derrota.
Ângulo Normal
Perspectiva
Neutra: O ângulo ao nível dos olhos oferece uma visão natural e direta,
permitindo que o leitor se conecte emocionalmente com os personagens sem
manipulação dramática. Esse tipo de enquadramento cria uma sensação de
igualdade entre o espectador e o sujeito, favorecendo a empatia.
Ângulos Inclinados
Criação de Tensão:
Ângulos inclinados podem transmitir desorientação ou instabilidade emocional.
Essa técnica é frequentemente utilizada em momentos de conflito ou loucura,
ajudando a intensificar a experiência emocional do leitor ao sugerir que algo
não está certo na narrativa.
2. Dinâmica da
Ação
Movimento e Ação: A escolha do
ângulo pode intensificar a sensação de movimento. Por exemplo, ângulos
inclinados (Dutch angles) podem transmitir tensão ou desorientação durante uma
cena de ação, enquanto ângulos normais proporcionam uma visão mais clara e
objetiva dos eventos.
Sequência de
Ações:
O uso de diferentes ângulos em sequência pode criar um ritmo dinâmico na
narrativa, ajudando a guiar o leitor através das cenas de maneira envolvente.
Isso é especialmente importante em sequências de luta ou perseguições.
3. Composição
Visual
Enquadramento e
Composição: A maneira como os personagens são enquadrados em relação ao fundo
e ao espaço ao redor pode afetar a interpretação da cena. Um plano fechado em
um personagem pode enfatizar suas emoções, enquanto um plano geral pode
situá-lo dentro de um contexto maior, mostrando seu ambiente e as relações com
outros personagens.
.4. Interação
com o Leitor
Imersão:
Ângulos que colocam o leitor "dentro" da ação, como uma visão
subjetiva (do ponto de vista de um personagem), podem criar uma experiência
mais imersiva. Isso permite que o leitor sinta que está vivenciando os eventos
junto com os personagens.
Distanciamento: Em contraste,
ângulos que mostram os personagens de longe podem criar uma sensação de
distanciamento, fazendo com que o leitor observe a cena como um espectador
passivo. Isso pode ser usado para transmitir temas de alienação ou
introspecção.
Esses elementos demonstram como a escolha do ângulo da câmera não apenas molda a estética visual das HQs, mas também influencia profundamente a narrativa e as emoções que ela evoca no leitor.
Por: Júlio de Andrade Filho
WhatsApp 11 99403-2617
E-mail: jandradefilho@gmail.com
Olá! Eu Sou Clene Salles, Ghost Writer, Escritora, Copydesk, Tradutora....
Mas... Quem desenvolveu este texto/conteúdo foi Júlio de Andrade Filho, Roteirista de HQs, Tradutor, Jornalista, Escritor e que também Desenvolve Projetos Editoriais Customizados (inclusive com HQs!). Júlio já criou mais de 350 roteiros de HQs, incluindo HQs Disney. O cara manja muito!
E me conte...
Está pensando em escrever uma HQ?
Precisando de orientações e mentoria?
Ou quer desenvolver uma HQ para sua empresa?
Fale com o Júlio agora mesmo!
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