Quando a inspiração parece longe: a diferença entre bloqueio criativo e saturação sensorial
Há dias em que a escrita não some, ela apenas muda de lugar. Você senta, abre o arquivo, relê duas frases, apaga uma, mexe numa palavra, e ainda assim fica com a sensação de estar chamando alguém que não escuta do outro lado da porta. Em geral, nesse momento, a mente conclui com pressa: “bloqueio criativo”. Só que, muitas vezes, não é bloqueio. É saturação sensorial.
Se você está buscando como vencer o bloqueio criativo, criar uma rotina de escrita que funcione e entender por que a sensibilidade interfere tanto no processo, este texto é para você.
O que é bloqueio criativo
Bloqueio criativo costuma agir como uma trava de segurança. Você até tem energia e vontade, mas algo prende. Pode ser medo de errar, medo de ficar simples demais, medo de mexer em um tema íntimo, medo do julgamento, medo do tamanho do projeto. O bloqueio tem tensão, tem resistência, tem um “não” por trás. A pessoa se aproxima do texto e sente atrito, como se a mão ficasse pesada.
Sinais comuns de bloqueio criativo
Você tem energia, mas foge do texto quando chega perto do núcleo da cena ou do tema.
A mente cria justificativas sofisticadas para não começar: “preciso pesquisar mais”, “preciso planejar melhor”.
Há crítica interna intensa, como se existisse um avaliador sentado ao seu lado.
Quando escreve, mexe demais para “consertar” antes mesmo de existir.
O que é saturação sensorial
A saturação é outra criatura (que pensa que é indomável, mas não é!). Ela não diz “não”, ela diz “chega”. O corpo fica cheio, a mente começa a tropeçar em excesso de estímulos e tudo vira névoa: ruído mental, peso nos olhos, cansaço, irritação sem nome, uma vontade estranha de abandonar qualquer tarefa que exija profundidade.
É como tentar ouvir música fina num quarto com televisão ligada, gente conversando, celular vibrando e luz branca no teto. A melodia existe, mas o ambiente não permite que ela seja percebida.
Para quem tem sensibilidade alta (muita gente se reconhece como Pessoa Altamente Sensível, PAS), isso aparece com mais frequência, não por fragilidade, mas por intensidade de captação. Há pessoas que absorvem o mundo como uma esponja e depois tentam escrever como se estivessem secas.
Sinais comuns de saturação sensorial
Você quer escrever, mas não consegue sustentar atenção sem exaustão rápida.
Qualquer estímulo incomoda: sons, luz, notificações, a própria presença do mundo.
A frase não flui porque a mente está sobrecarregada, não porque falta ideia.
Você sente aversão ao texto, como se ele fosse mais um peso.
Aliás, eu recomendo a leitura aqui no Blog: "Por que estamos tão cansados?"
Bloqueio criativo ou saturação: por que a confusão é tão comum
Quando a saturação é chamada de bloqueio, o escritor tenta resolver com força. Fica mais tempo sentado, abre mais abas, assiste a mais vídeos sobre técnica, insiste em “ser produtivo”. Resultado: o sistema nervoso entra em defesa, a mente fica mais dispersa, e a página parece ainda mais distante.
É como apertar o acelerador com o freio de mão puxado: o carro faz barulho, esquenta, mas não avança.
Como diferenciar bloqueio criativo de saturação sensorial
A pergunta que organiza tudo é simples: o seu sistema está dizendo “não” ou está dizendo “chega”? E em tempo: não importa se é pouco ou muito.
Quando o sistema diz “não”: a lógica do bloqueio
O bloqueio pede coragem e estratégia. Em geral, ele está ligado a medo, vergonha, perfeccionismo ou autoexigência. A solução costuma passar por dar nome ao que assusta, e criar uma passagem lateral.
Quando o sistema diz “chega”: a lógica da saturação
A saturação pede limite e cuidado. Aqui, o melhor caminho é tirar ruído, reduzir estímulo, recuperar contorno. Você não precisa de força, precisa de drenagem.
Como vencer a saturação sensorial e voltar a escrever
A seguir, uma saída prática, curta e repetível. Ela não exige “inspiração”, ela cria condições.
Passo 1: limpeza de estímulo (3 minutos)
Feche abas. Desligue notificações. Diminua a luz. Se puder, escolha música sem letra ou silêncio intencional. Você não está criando clima, você está removendo ruído.
Passo 2: aterramento no concreto (2 minutos)
Escreva cinco itens concretos do seu ambiente: uma xícara, uma fresta de luz, o tecido da cadeira, o som do ventilador, o cheiro do café. O concreto acalma porque dá contorno. Saturação é excesso sem forma, o concreto devolve borda.
Passo 3: um parágrafo apenas (10 minutos)
Escolha uma única cena ou um único assunto e escreva um parágrafo com começo, meio e fim. Não é capítulo, não é “produção”. É um gesto.
(Inclusive, como sugestão, pode escrever sobre como você enxerga, vive, a diferença entre bloqueio criativo e saturação sensorial.)
Se você não sabe por onde começar, escreva a frase mais simples possível: “Hoje eu não o que escrever, mas sei que a cena começa aqui”. A frase simples abre a porta.
Sugestão de Leitura: Páginas Matinais
Passo 4: um corte consciente (2 minutos)
Volte ao parágrafo e corte uma frase. Só uma. O corte é uma forma elegante de retomar comando. Ele diz ao cérebro: “eu não estou à deriva”.
Como vencer o bloqueio criativo quando ele é medo, não cansaço
Se o que você tem é bloqueio, a saída costuma ser dar nome ao medo e criar um caminho indireto. Em vez de encarar o núcleo de frente, escreva ao redor dele: a cena anterior, a consequência, um diálogo paralelo, a descrição de um objeto que carrega o tema. O bloqueio cede quando percebe que você não está tentando provar nada, apenas continuar.
Um exercício rápido para destravar
Escreva por 7 minutos começando com: “Se eu fosse corajoso/a o suficiente, eu escreveria sobre…”.
Depois, escreva mais 7 minutos começando com: “O que eu realmente não quero que o leitor descubra é…”.
Não publique isso, não transforme em confissão. Use como mapa.
Rotina de escrita para pessoas sensíveis: o que funciona melhor
Para pessoas sensíveis, a rotina não pode ser uma sentença. Ela precisa ser um acordo. Muitas vezes, funciona melhor uma rotina mínima, com frequência alta e duração baixa, do que maratonas que custam dias de recuperação.
Uma rotina mínima possível
20 minutos por dia: 1 página
2 minutos: 1 corte
1 vez por semana: revisão do que já foi escrito
Essa rotina parece pequena, mas cria continuidade, e essa é a base que criará o seu livro.
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