domingo, 21 de abril de 2024

Imediatismo (Em tempo: este texto foi criado por um ser humano, não foi escrito por IA)

 



Imediatismo


Diariamente, sim diariamente, de domingo a domingo... as pessoas se encontram conectadas à internet por mais de 9 horas por dia. Talvez até mais, levando em conta os streaming. E o que é delicado: o brasileiro é vice-campeão mundial nisso, só perde para o continente africano. Há quem afirme que nós passamos mais da metade da vida na internet... 

Isso não é exatamente bom, nem exatamente ruim, mas é algo para refletir (e muito). 

Se por um lado o acesso à internet nos trouxe mais informação e foi um grande alívio durante a pandemia, por outro gera o que é muito contraditório: estamos com dificuldade em lidar com a realidade e não tenho dúvidas que teremos problemas para nos relacionar. 

Mesmo afirmando aqui que temos mais acesso à informação, não significa que nos tornamos mais "cultos", porque o excesso dela está gerando impaciência e imediatismo. E sempre acreditei que a informação excessiva (desorganizada) pode provocar exaustão e apatia. 

Claro está, que tenho a nítida compreensão de muitos de nós dependemos da internet para o nosso ganha pão e por consequência, nos tornamos mais dependentes dela. 

Porém, no árido deserto, sempre encontraremos um oásis, e várias espécies de cactus produzem flores. E nisso entra, por exemplo, minha gratidão. Sou muito grata à internet e as redes sociais. Sem elas você não estaria aqui e eu nem teria tido a oportunidade de publicar este texto. 

(Sim, eu preciso confessar que muitas vezes ao entrar na internet, sinto que ela é um deserto misturado com o caos.) 

Bem, vamos ao fato: estamos na era da internet e como resultado ganhamos o termo cultura do imediatismo. Semanas atrás, vi um meme onde a moça tinha acabado de fazer compras num Market place e ao "desligar" o celular foi imediatamente para a porta de entrada de sua casa esperar para receber o produto. 

Risos à parte, há vários problemas que não podemos fingir que não existem, por exemplo, o nosso comportamento está mudando. Não foi uma, nem duas, mas dúzias de vezes que vejo crianças, adolescentes, adultos furiosos porque não conseguem "exatamente na hora", aquilo que querem. 

Será que precisamos pensar muito em qual será o produto disso? 

Dou-lhe 1, dou-lhe 2, dou-lhe 3... 

Sim, a famosa frustração nos golpeia em cheio: no corpo (stress), mente (incompreensão e desprezo em relação às necessidades reais (nossas e dos outros)), no coração (desapreço, frieza, intolerância) e na alma (perdemos a suavidade, gentileza, empatia, etc.). 

E numa conversa sobre esse tema do imediatismo ramificamos o assunto e criei brincando o termo “instantisismo” alguns dias atrás enquanto trocava ideias com o jornalista, editor, roteirista e tradutor Júlio de Andrade Filho. Conversávamos sobre o “novo, atual, moderno, aqui e agora” versus “velho, antigo, arcaico, passado”.

Concluímos que chegou com o imediatismo, assim chegando com força, marcando presença: a polarização, como resultado do “instantisismo” (rsrsrs).  

Brincadeiras à parte, num universo sutil e até mesmo incrivelmente infantil, estamos desqualificando tanto o antigo como o novo e estamos perdendo o alcance do momento presente. E para piorar... O novo também fica velho muito rápido! Incrível! 

E impulsivamente, quase todos nós valorizamos de olhos semicerrados a “última notícia”. 

O que chama atenção é que cultura tem sua origem em “cultivar”. 

Tudo o que tem a ver com cultura é preciso paciência, dedicação e tempo, não há cultivo instantâneo, logo o termo se contradiz.  

Ora se cultura é o que vamos adquirindo a longo prazo e que permanece através do tempo a fim de dar testemunho ao que rodeia, e a cultura é também o desenvolvimento do conhecimento, como pode “cultura do imediatismo”? Contraditório demais, não!?! 

A vertigem do aqui e agora, do rápido, do instantâneo não sobra ar para respirar e nem pensamento profundo para pensar. Entra a taquicardia: “Mas e se eu perder muito tempo averiguando?”

Se insistirmos em não "perder" tempo na averiguação, teremos informações truncadas e obviamente o resultado será um mar de confusão. Sim, a informação apressada, interrompida gera desorganização. 

Para que pensar se a internet pensa por nós? (Atenção, essa frase contém ironia). 

Estamos entupidos de informação, no entanto, são informações que em alguns instantes são legais e importantes, outras apenas divertidas, tantas outras muito falsas. 

E por que isso aumenta? De onde vem este resultado? Imediatismo. 

A receita de uma nova combinação para uma salada com insumos prá la de esquisitos é bacana, mas a intoxicação por algum alimento ali agregado não é nada bacana não… é chato, viu? 

A dica de um chá milagroso que cura tudo pode ser genial, mas investigar se algum dos componentes tem efeitos colaterais é de suma importância. Um desses chás cura-tudo levou um conhecido ao hospital com uma tremenda crise de hipertensão arterial, porque a receita levava uma grande quantidade de gengibre, que é contraindicado a hipertensos.

Controverso, contraditório, antagônico ou não, estamos sendo levados ao imediatismo e respondemos a ele.

E o que será o agora senão um fragmento do passado e do futuro? É um jogo e estamos apostando às cegas que o agora tem que ser satisfeito e preenchido a qualquer custo. 

O que constatamos acima de tudo é a precipitação: angústia, medo, ansiedade, aflição se ficarmos para trás ou que nossos desejos não sejam atendidos. Ou de não termos os objetos, utensílios que acreditamos que precisamos.

Vem um fantasma da vergonha de que não tenhamos recebido curtidas ou respostas dos posts que publicamos.

É o terror ao vazio. Medo de cair no nada. 

O círculo vicioso: adquirir informações ou bens para preencher uma falta. Adquirimos. Em seguida vem de novo o vazio interior. E conforme as horas e os dias vão passando, estes índices de vazio e esgotamento do nada dobram. 

Se minha essência possui valores bem identificados, firmes e conscientes, se me permito refletir, minhas conclusões e meu direcionamento estarão mais fortes, ou no mínimo, menos estressados. 

Eu não sei do que o nada é composto, mas eu sei que antes de cair no nada tem a pessoa, tem você que está lendo, que tem muito mais valores a serem explorados do que imagina. Você tem a você mesmo! E isso é um luxo! É uma vitória!

E o outro aspecto deste caleidoscópio do imediatismo: é facinho, facinho sermos manipulados… A informação sem filtro e rápida adicionado ao desejo de ser aplaudido (likes) pode lhe levar a acreditar em coisas sem nenhum cabimento lógico. E seguimos compartilhando "noticias" em redes sociais no mais puro imediatismo...

No período em que eu morei no Peru, fui agraciada por conhecer um médico na cidade de Lima (capital), Dr. Carlos Vasquez, médico endocrinologista e cirurgião - e que também estuda neurologia e neurociências -, que me deu algumas explicações bem pontuais: 

“Não é possível localizar exatamente quando começou, mas a ansiedade, depressão, angústia, pânico vem aumentando continuadamente nos últimos anos." 

"Vemos que nos exames laboratoriais os níveis de cortisol (hormônio do stress) cada vez mais alterados; constatamos que o ritmo circadiano que regula os ciclos biológicos, a temperatura corporal e o sono, está cada vez mais fora do seu funcionamento natural”.  

Dr. Vasquez não possui uma visão polarizada e acredita que inúmeros fatores interferem na nossa saúde. No entanto, algo ele tem bem definido: o stress provoca muito mais problemas de saúde e psicológicos do que nós podemos imaginar. 

E se nossa saúde está alterada também em função ao meio ambiente, logo por que não a tecnologia, usada de maneira desmedida e compulsiva, também não a alteraria? 

Ele me explicou que nosso corpo diante da ansiedade/stress, ativa algo em nós muito primitivo – tipo nossos ancestrais que tinham que sair correndo e fugir por causa de um grande perigo – que altera de uma forma muito intensa nossos hormônios, a estabilidade do funcionamento dos órgãos e sistema nervoso central. A cada novo instrumento, a cada nova ferramenta, a cada nova tecnologia, nosso sistema nervoso central capta a informação e se amolda para a adequação, mas de uma forma ou de outra algo foi alterado.

Sabe? Vou confessar algo para você que está aqui lendo... Tenho a mania de correlacionar assuntos, que aparentemente não estão assim... tão conectados. Enquanto estava aqui escrevendo, me veio um pensamento, uma lembrança...

Em meio a tudo isso, eu me recordei de livros que li sobre arqueologia e visitas aos sítios arqueológicos onde, em um deles eu vi plasmado na Huaca del Sol y de la Luna em Trujillo, La Libertad, Peru a manifestação artística da Rebelião dos Artefatos. Na imagem abaixo, podemos apreciar que os objetos se “rebelaram” contra os humanos na cultura Moche, aproximadamente no século VII da nossa era.




Esta imagem, desde que eu a vi pela primeira vez há 15 anos, ficou impregnada na minha mente.

A arte aqui mostra os artefatos usados em batalhas onde ganharam vida e decidem lutar corpo a corpo contra os guerreiros.

Aparentemente se pode observar que o ser humano, e que não é de agora, vem sempre de uma maneira ou outra, criando objetos, instrumentos, artefatos e tecnologias que com o passar de algum tempo, estes mesmos se rebelam, ganham vida e atuam em nós e por nós, e por vezes contra nós. 

Essa imagem faz meu pensamento divagar e até arrisco a considerar que desde o primeiro instrumento criado, uma ponta de lança, lá no período pré-histórico, o ser humano deve ter tido ali, seu primeiro stress psicológico… Afinal de contas, qualquer artefato criado por nós, nos desvia a atenção do que antes costumávamos nos concentrar.

Por que será que os artefatos se rebelariam? Seria pelo "abandono", "rejeição"? Afinal, depois do desgaste natural do tempo e do uso, o objeto obviamente não serve mais ou terá que passar por toda uma elaboração trabalhosa de ajustes, reformulação, restauração... 

Reviro os olhos, torço a boca, aperto a mandíbula, cruzo e descruzo as pernas com a inquietude, sinto os dedos das mãos e dos pés se contraindo e os ombros tensos: O que fazer em relação ao aspecto debilitante (sim é certo, o "instantisismo" nos deixa exaustos e sem energia) do imediatismo?

Teremos a Rebelião da Internet? Ou será que já vivemos isso e nem nos demos conta ainda? 

Mas, enfim, o que fazer? Creio que podemos saudavelmente nos autocomprometer com pequenas mudanças de hábitos, estabelecer limites e com resiliência lidarmos com o nosso agora com mais organização, concentração e serenidade. 

Ainda somos livres para fazer as coisas com boa vontade… e com calma. Sim, mesmo neste mundo tão agitado onde precisamos sempre com urgência lutar pela sobrevivência, (e é muito compreensível!), algumas coisas nós podemos fazer com calma - e todas as vezes que você tiver essa oportunidade, faça. 

É bem curioso... Há muitos relatos de pessoas que se dedicam a isso e depois comentam que sentiram (com o tempo) um certo relaxamento. 



Em tempo: Esse texto foi criado por um ser humano, no caso eu, Clene Salles.  
Não foi escrito através de uma IA. 


Olá! Eu sou Clene Salles, Ghost Writer, Escritora, Copydesk, Tradutora, Presto Mentoria Literária para Autores Iniciantes, e Faço Leitura Sensível. 
Eu Ajudo Você a Escrever o Seu Livro
Contato: 11 97694-4114


Indicações de outros profissionais tudo de excelentes, que também irão lhe ajudam (muito!) para que você publique o seu livro:

Tradução Inglês/Português, Edição de Textos, Roteirista de HQ

Júlio de Andrade Filho

WhatsApp: +55 11 994032617



Capa, Diagramação, Documentação do Livro 

Sidney Guerra

https://www.sguerra.com.br/sidney-guerra/



Leitura Crítica, Edição, Mentoria para Livros de Não ficção

Laura Bacellar

Laurabacellar@escrevaseulivro.com.br 




Marisa Moura

Agente Literária / Obras sob tutela

WhatsApp: 11 31293900






Com gratidão pela arte da escrita, um abraço literário, até breve!



Fontes consultadas:

https://g1.globo.com/hora1/noticia/2023/08/25/pesquisa-mostra-que-brasileiros-passam-9h-por-dia-ao-celular-ou-em-outros-aparelhos-eletronicos.ghtml 

https://olhardigital.com.br/2024/03/12/internet-e-redes-sociais/nao-sao-so-os-adolescentes-adultos-tambem-ficam-tempo-demais-no-celular-aponta-pesquisa-nos-eua/ 

https://exame.com/carreira/sofia-esteves-a-cultura-do-imediatismo-e-as-consequencias-na-saude-mental/

https://fia.com.br/blog/cultura-do-imediatismo/#:~:text=Significa%20que%20n%C3%A3o%20h%C3%A1%20tempo,uma%20forma%20superficial%20e%20in%C3%B3cua. 

2 comentários:

  1. Excelente e necessária reflexão! Vou divulgar!

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    1. Olá! Que alegria e honra receber sua apreciação. Muito obrigada! Fique à vontade para compartilhar!

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